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Que diferenças começaram a ser notadas na sua mãe (doente de alzheimer) e que suscitaram alguma preocupação?
Cecília Sousa: Comecei a reparar que a minha mãe andava a ter comportamentos repetitivos, como fazer as mesmas perguntas várias vezes, sempre com receio de se esquecer de fazer alguma coisa. Além disso, também notei que a forma como se vestia mudou bastante. Passou a fazer combinações de cores e roupas que não faziam sentido. A repetição constante das perguntas e a sua aparência deixaram-me preocupada.
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Como foi o processo do diagnóstico pelo médico?
Cecília Sousa: Inicialmente, a nossa família decidiu consultar o médico de família, que nos alertou para alguns acontecimentos relevantes na vida da minha mãe que poderiam estar a desencadear a doença de Alzheimer. Durante a consulta, o médico fez uma série de perguntas e chegou à conclusão de que já poderia existir um quadro de demência, embora dissesse que ainda não existia motivo para grande preocupação. No entanto, a minha mãe foi medicada.
Mais tarde, ela foi encaminhada para um neurologista. O intervalo entre a primeira consulta e o diagnóstico final durou dois anos. Durante esse período, assisti a um declínio significativo na condição da minha mãe, que também teve de lidar com a perda do meu pai e o período de confinamento.
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Quais foram as mudanças que ocorreram na vida da Cecília e na sua mãe após o diagnóstico?
Cecília Sousa: Após o diagnóstico, várias alterações foram implementadas na nossa vida. Para ajudar a mitigar a solidão da minha mãe, instalamos câmaras e alarmes em casa, o que me permitiu fazer um acompanhamento mais próximo dela.
A comunicação entre nós passou a ser feita através de chamadas diárias quando eu estava ausente. Isto deu à minha mãe uma sensação de segurança, sabendo que estava sempre a ser vigiada, e a mim, a certeza de que conseguia acompanhar o dia a dia dela.
Os dias da minha mãe eram preenchidos com várias atividades, e nos dias em que não havia nada programado, eu incentivava-a a sair para dar passeios. Além disso, pedia-lhe que realizasse pequenas tarefas, mesmo à distância, para estimular o cérebro dela. Senti que isso ajudava a mantê-la ativa e envolvida, mesmo com as limitações que a doença impunha.
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Como se sente ao ver a progressão da doença na sua mãe?
Cecília Sousa: Para mim, esta tem sido uma experiência complicada, o maior desafio da minha vida. Sinto um vazio profundo ao perceber que estou a perder a minha mãe aos poucos, e ao mesmo tempo, sinto saudades de alguém que está fisicamente ao meu lado.
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Como é lidar com a constante repetição de ações e perguntas por parte de uma pessoa com Alzheimer?
Cecília Sousa: Eu procuro sempre responder como se fosse a primeira vez. Esta abordagem ajuda a criar um ambiente de tranquilidade e segurança, permitindo que a minha mãe se sinta valorizada e compreendida, mesmo quando as perguntas se repetem.
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Em que momento achou que a sua mãe já não conseguia viver mais em sua casa com as câmaras?
Cecília Sousa: A partir do momento em que a minha mãe deixou de conseguir cozinhar, decidimos contratar uma senhora que se encarregava da preparação das refeições, a acompanhava nas atividades e ainda lhe proporcionava companhia. No entanto, com o passar do tempo, percebi que este acompanhamento já não era suficiente para ela. Foi então que tomamos a difícil decisão de a colocar num ambiente de acompanhamento especializado.
Embora tenha sido uma decisão dura, senti um grande equilíbrio e um alívio na minha saúde mental. Saber que a minha mãe estava num lugar onde recebia os cuidados adequados fez toda a diferença.
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O que se deve fazer para ultrapassar estas situações difíceis?
Cecília Sousa: Respirar fundo! Esta situação fez-me perceber que sou capaz de enfrentar desafios que nunca pensei ser possível. É extremamente gratificante saber que estou a fazer o meu melhor pela minha mãe.
No entanto, apesar do acompanhamento que ela tem, sinto que será necessário interná-la em breve. É uma decisão difícil de aceitar, mas acredito que, no fundo, é o melhor para a sua segurança e bem-estar.
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Qual é a importância da Farmácia de Lomar no tratamento e acompanhamento da doença de alzheimer?
Cecília Sousa: A Farmácia de Lomar tem sido uma grande aliada no apoio à minha mãe. Elas oferecem uma assistência preciosa na gestão das receitas médicas e estão sempre prontos a esclarecer dúvidas relacionadas com a medicação. Além disso, o aconselhamento em suplementos alimentares também foi muito importante para o desenvolvimento da doença da minha mãe.
Um dos serviços essenciais para nós foi o PIM (Preparação Individualizada da Medicação). O PIM visa garantir que os medicamentos sejam administrados corretamente, adaptando as dosagens e combinações às necessidades específicas de cada pessoa.
FAQs
O que é o alzheimer?
O alzheimer é uma doença neurodegenerativa que afeta principalmente a memória, o pensamento e o comportamento.
Qual a causa da doença?
A causa exata da doença não é totalmente conhecida, mas acredita-se que uma combinação de fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida desempenhem um papel fundamental no desenvolvimento da doença.
O que é um cuidador informal?
Uma pessoa que preste cuidados permanentes ou regulares a outras pessoas (familiares) que se encontram numa situação de dependência (pessoa cuidada).
Como pedir o estatuto de cuidador informal em Portugal?
É possível pedir o estatuto de cuidador informal através da Segurança Social Direta ou nos serviços de atendimento da Segurança Social.